Como construir confiança remotamente? 3º dia de Encontro Regional trouxe questões valiosas
Desafios e caminhos no gerenciamento das equipes, em face da atual realidade, foram debatidos por palestrante e convidados
O terceiro dia do primeiro Encontro Regional On-Line do Sescon-SP dirigiu a atenção para um tema que tem levantado várias discussões. Nesta quinta-feira (27), ficou a cargo do economista, empreendedor e investidor anjo Adrea Iorio (ex-diretor da L’Oreal e do Tinder na América Latina) falar sobre como gerir pessoas em home-office. A atividade de hoje foi organizada pela regional Sul Paulista do Sindicato e teve como objetivo trazer ao debate insights de pessoas que experimentam, na prática, a experiência do trabalho remoto.
“Gostaria de agradecer a todos pela participação neste importante encontro, que se destaca ao abordar temas e conteúds atuais. Hoje falaremos, especificamente, sobre novas formas de liderança, treinamento, acompanhamento e produtividade dos nossos colaboradores”, destacou o Vancrei de Azevedo, diretor regional em Sorocaba, no início na transmissão.
O presidente da Wolters Kluwer Brasil, uma das patrocinadoras do Encontro, também exaltou a iniciativa. “É maravilhoso conseguir coloca-nos juntos, neste momento, para tratar de temas essenciais. O conteúdo programado é relevante e faz sentido para todos nós, que estamos vivendo uma nova realidade e que impõe aos profissionais, como nunca antes, a questão de que poder produzir de maneira distinta através do trabalho remoto. Desde a primeira revolução industrial o homem necessita de comando, acompanhamento e gestão de quem trabalha, mas assegurando a capacidade produtiva dos colaboradores”, destacou.
Transformação de cultura
“O que é a cultura de uma empresa? É o que os times fazem enquanto você não está olhando. Se trata do leque de crenças e pressupostos que seus times usam para resolver os problemas de todos os dias. Precisamos criar uma cultura de confiança com nossas equipes remotas, porque se não criarmos essa cultura, as pessoas vão isolando-se muito mais”, cravou Andrea Iorio durante a palestra, citando, inclusive, a própria experiência com a gestão de pessoas que trabalham em diferentes partes do Brasil e até do mundo.
Mas mudar a cultura de uma organização é algo desafiador. Para isso, os líderes têm que trabalhar na desconstrução de vários conceitos arraigados, entre eles, noções de controle, produtividade e até demonstração de vulnerabilidade. Iorio também falou sobre as mudanças no mundo dos negócios, no qual a transformação digital ocorre através da adoção de tecnologias digitais que podem potencializar a melhoria das estratégias, desempenho dos times e, consequentemente, os resultados financeiros.
E ele destacou as peculiaridades da atual realidade e que devem ser encaradas: “É preciso se adaptar às cinco características do mundo da transformação digital: exponencialidade, tempo real, big data, interconectividade e inteligência artificial. Quem ignorar estes aspectos não se sairá bem. Ao mesmo tempo, e contraditoriamente, este é o momento em que devemos resgatar a humanidade nos nossos negócios”, afirmou. Iorio também salientou a importância dos líderes terem clareza ao colocar os objetivos para as equipe, além de pensar no curto prazo, esvaziar a mente e superar hábitos na administração de tarefas da empresa.
“No mundo pré-pandemia, tínhamos uma forma de atuação. Diante do momento atual, a relação entre responsabilidade e controle inverteu-se de forma brutal. É um momento em devemos estimular a responsabilidade dos times e liderar sob informação incompleta, se desapegar da micro-gestão e do controle. Micro-gestão e confiança são inversamente relacionadas, é uma forma de dizer: ‘Eu desconfio de você’. E o que é confiança? É um estado psicológico que compreende a intenção de aceitar a vulnerabilidade”, ensinou.
Mas isto não significa deixar os colaboradores ‘soltos’. O especialista afirmou que um dos caminhos para lidar de maneira produtiva com o trabalho remoto é criar micro ações tangíveis e que sejam claramente executáveis, além de disciplinar as rotinas e fornecer feed becks às equipes. Por fim, ele lembrou que a melhor maneira de estimular o bem-estar corporativo, especialmente neste cenário de grandes mudanças, é estar interessados nos colaboradores e clientes. “Precisamos admitir e nos apropriar dos nossos erros, compartilhar nossos medos e inseguranças, não nos levarmos muito a sério, dividir a própria evolução, pedir e aceitar ajuda e controlar nosso ego”, aconselhou.
O painel teve como debatedoras Paola Klee (diretora de Recursos Humanos da Wolters Kluwer Brasil) e Rosana Aparecida Franco (diretora da Aescon-SP). No encerramento, o presidente do Sescon-SP, Reynaldo Lima Júnior celebrou o dia de aprendizado. “Vamos ampliar nosso círculo de confiança, reciprocidade e nossas micro ações tangíveis. E é muito importante refletir sobre dar mais liberdade para as equipes. Temos, de fato, uma cultura de ter muito controle e ação sobre colaborador, por isso é fundamental esvaziar nossos conhecimentos e adquirir novos, para nos adaptarmos ao novo mundo. Hoje o evento, mas uma vez, foi sensacional”, elogiou.